Dogville

Lars Von Trier criou um espaço cinematográfico simples. Minimalista, o director não utilizou nenhum cenário; apenas linhas pintadas no chão demarcando duas ou três ruas e algumas casas. O cenário invisível (sem paredes, janelas ou portas) permite que o espectador veja os habitantes nos seus afazeres, obdecendo, assim, a uma das regras que fazem parte do manifesto Dogma 95, assinado por este. Dogville é uma pequena cidade, com pouco mais de uma dezena de residentes, situada no fim de uma estrada, perto das montanhas rochosas. A história passa-se na década de 30 e gira em torno de Grace (Nicole Kidman), uma jovem que, fugindo de perigosos gangsters, acaba por encontrar refúgio em Dogville. Encantado com Grace, um dos moradores Tom propõe que a cidade lhe ofereça abrigo, em troca, faria pequenos serviços para os habitantes. Aos poucos, porém, os aparentemente amáveis moradores de Dogville, ao descobrirem que ela está a ser procurada pela polícia, vão exibindo um lado sombrio e passam a explora-la.
Ao abdicar dos cenários e dos adereços, o director procurou valorizar o interior de cada personagem para que o espectador, desprendido do “supérfluo” e do “superficial”, pudesse olhar apenas para o que verdadeiramente interessa no filme: a desumanidade que provém da humanidade. Grace, a jovem, que durante todo o filme, parece ser um ser meigo, compreensivel, gracioso, acaba no final, por mandar aniquilar uma vila inteira, excepto o cão, porque esse, sempre foi fiel à sua natureza animal, sem artificios.
Um excelente filme, original! A titulo de curiosidade, Dogville é o primeiro filme da trilogia de Lars Von Trier sobre os Estados Unidos intitulada "USA - Land of Opportunities".